As Valentinas

14 dezembro 2016

Entre um passado a preto e branco e o presente com mais cor  estão algumas das mulheres do lado materno da família.

Da minha trisavó Amélia que ficou viúva aos trinta e poucos anos com nove filhos para criar, pouco sei além de que conseguiu levar a vida em frente. 

Os meus bisavós Valentina e Augusto, pais da minha avó Maria Amélia que segurava ao colo a minha mãe ainda bebé.

De tantas histórias com tantos nomes, as mulheres tiveram sempre papéis fundamentais nos enredos de cada uma das épocas. O primeiro destes registos é do ano de mil oitocentos e tal e termina esta semana, comigo e com a minha filha Maria.

Nesta série de bonecas tive vontade de as reunir a todas, todas as raparigas e meninas que foram, cada uma com a sua personalidade, o seu carácter mais ou menos vincado, umas claramente mais seguras do que outras, que submissas e inseguras desistiram dos sonhos mas souberam educar as filhas no sentido contrário, umas verdadeiras emancipadoras e com uma energia fora do comum, todas elas diferentes  na sua identidade mas iguais na sua força. 

A  todas será dado um nome próprio, decidido por quem escolher viver com elas uma vida. A primeira boneca que recebemos é quase sempre a última de que nos desfazemos e por vezes fica guardada à espera dum irmão ou dum primo.

Para mim, que ao encher-lhes o corpo e principalmente a cabeça sentia como se estivesse a criar um cérebro capaz de ter ideias e só pensava que devia enfiar coisas estraordinárias lá para dentro...
todas elas já tinham nome, chamei-as a todas de Valentinas.

Por enquanto são quatro, cada uma é numerada e a primeira é minha. Já estão todas na loja.

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