Andar devagar

07 outubro 2014



















Os azuis vão-se alterando ao longo do dia, esta semana descobri um azul mais frio e silencioso, ainda o sol começava a raiar

O dia-a-dia é outro, estou com mais tempo para andar sozinha.
Acerca das memórias, O PN citou-me Milan Kundera.
"Há um elo secreto entre a lentidão e a memória, entre a velocidade e o esquecimento. Evoquemos uma situação extremamente banal: um homem caminha na rua. De repente, quer lembrar-se de qualquer coisa, mas a coisa escapa-lhe. Nesse momento, maquinalmente, o homem atrasa o passo. Pelo contrário, alguém que queira esquecer um acidente penoso que acaba de viver acelera sem dar por isso o ritmo da sua marcha como se quisesse afastar-se depressa do que, no tempo, lhe está ainda demasiado perto.

Na matemática existencial, esta experiência assume a forma de duas equações elementares: o grau de lentidão é directamente proporcional à intensidade da memória; o grau da velocidade é directamente proporcional à intensidade do esquecimento."

— As pessoas que andam depressa querem esquecer, as que andam rápido, procuram recordar.
Ando a correr, nunca soube andar de outra forma, quero cada vez mais aprender a andar devagar. Deixar de querer esquecer, não recordar o que há a esquecer, simplesmente andar.

1 comentário :

  1. Essas fotos estão, como sempre, qualquer coisa de muito bom. Uma rosa azul despedaçada. Uma das coisas que amo no Porto é isto - o virar de uma esquina e ser surpreendida por uma reflexão, por uma luz descuidada e perfeita.

    Abs,

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