22 março 2012

Ainda de Março



Há uns quantos anos, quando tudo começou, era um projecto para a família, os anos passaram, os projectos desfizeram-se e a família transformou-se. 

A casa da árvore nunca chegou a ser construída, apesar de as árvores terem sido plantadas e estarem enormes, mas nós também crescemos e os filhos têm agora a mesma idade que tínhamos na altura. 

A outra casa, a que nunca chegou a ter nome, encontrei-a como um depósito, de objectos, de móveis, de lembranças, de roupas, de tralhas, de histórias, muitas delas difíceis de contar. O pó, cobrindo anos de abandono, é espesso e torna tudo ainda mais escuro, ali não falta sol, pelo contrário, a exposição solar é perfeita, mas está escuro, as árvores estão tão altas que tudo fica inundado de sombra. 

Cá fora é diferente, mas também aí tudo se amontoa, a vegetação apoderou-se e tudo o que ali nasce é espontâneo e verde. Nas águas paradas, depósito de flores e pétalas, percebe-se a passagem, o ciclo das estações, algo se renova em toda aquela estagnação. Os anos passaram, as ilusões também, estas pétalas parecem neve, enganam, é como a memória, afinal as ilusões não morreram...

Talvez a casa na árvore ainda venha a existir, as árvores já estão lá, as crianças crescem, o ciclo continua, saltam-se duas gerações e os projectos renascem?

2 comentários :

  1. Lindo... O que escreveste a acerca do que escreveste.

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  2. Às vezes precisamos assim de uns projectos para mantermos a vida como um sonho.

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